Toxoplasmose em Caprinos

A toxoplasmose é uma zoonoses amplamente difundidas no mundo. Estima-se que 1/3 da população humana mundial esteja afetada pelo agente causal da enfermidade, o Toxoplasma gondii, protozoário intracelular de ampla distribuição geográfica. No Brasil, entre 54% a 75% da população adulta apresenta anticorpos específicos para o protozoário, que também pode parasitar outros mamíferos e aves.

Em caprinos, a presença de anticorpos anti-T. gondii tem sido assinalada em diversos países, demonstrando o seu caráter cosmopolita e caracterizando essa espécie animal como uma das hospedeiras do parasito. A carne caprina, assim como outros produtos de origem animal, quando inadequadamente preparados, constituem-se em uma das principais fontes de infecção para o homem.

Além dos riscos para a população humana, o Toxoplasma gondii também oferece riscos para os rebanhos por constituir-se em um agente capaz de causar perdas produtivas em decorrência do aborto. Embora ainda não tenham sido avaliadas, estima-se que estas perdas poderão causar importantes impactos econômicos, principalmente em regiões como o Nordeste Brasileiro, onde se concentram os maiores rebanhos do país.

A ocorrência de aborto de etiologia desconhecida relatada em pesquisa realizada pela Embrapa Caprinos em 1997 no Ceará foi da ordem de 75,6%. O estudo avaliou 127 unidades produtoras de caprinos em diferentes mesorregiões do Estado. Estes resultados são semelhantes aos obtidos em estudo realizado no Norte e Nordeste do Estado de Minas Gerais. Os abortos podem ocorrer em matrizes de todas as idades, sendo mais freqüentes nas fêmeas que adquiriram a infecção durante a gestação, podendo se repetir em gestações subseqüentes.

Na Suíça, estudo visando identificar a etiologia de casos de aborto em caprinos e ovinos apontou como um dos agentes causais deste evento o T. gondii. Este protozoário foi responsável por 15% dos abortos em cabras, sendo o segundo maior responsável pelos casos de abortos observados.

Geralmente, as matrizes são assintomáticas até o momento do aborto, os cabritos abortados apresentam-se mumificados, macerados, natimortos, sendo possível ainda, nascerem debilitados ou morrerem logo após o nascimento. Como os sinais clínicos da doença não são percebidos pelos produtores estes acabam por não adotarem medidas medicamentosas como ocorre em outras enfermidades.

Embora as perdas econômicas decorrentes do aborto de caprinos devido a toxoplasmose sejam desconhecidas, elas podem ser consideravelmente elevadas. Trabalhos de pesquisa demonstraram que o T. gondii causa maior gravidade em fetos caprinos do que em qualquer outra espécie animal de produção.

Como o aborto é um evento fisiológico de grande importância do ponto de vista de crescimento do rebanho, a toxoplasmose deve ser considerada relevante para que este atinja níveis ótimos de produtividade. Esta consideração motivou estudo realizado pela Embrapa Caprinos em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais, em 2004.

A pesquisa determinou a prevalência da infecção por Toxoplasma gondii em rebanhos caprinos procedentes de diferentes mesorregiões do Ceará (Norte, Sul, Centro, Inhamuns, Litoral). Para tanto, foram realizados testes sorológicos em 2362 amostras de soro.

O percentual de animais positivos foi de 25,1%. A proporção de animais positivos variou significativamente entre as mesorregiões estudadas. As maiores proporções de animais positivos foram observadas nas mesorregiões Litoral e Norte, com 45,6% e 30,7%, respectivamente, enquanto, a menor proporção, foi observada na região Centro (17,3%).

A elevada proporção de animais positivos nos diferentes rebanhos estudados neste levantamento, indica que o Toxoplasma gondii encontra-se amplamente difundido no Ceará. Esses resultados apontam para a necessidade de realização de estudos visando determinar além do impacto econômico da enfermidade nos rebanhos a caracterização genética do agente em questão.

 

Fonte: EMBRAPA Caprinos

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