Urolitíase (Cálculos)
Denomina-se urolitíase, o processo patológico desenvolvido através da formação de concreções ou cálculos do trato urinário.
Etimologicamente, “Lithos” do grego quer dizer ”pedra”, por denominação popular ”pedra na urina” (Alvarenga 1985).
Os cálculos ou urólitos são de estrutura sólida e sua constituição básica é formada por minerais.
Tem grande importância clínica nos caprinos quando se alojam principalmente nos ureteres, flexura sigmóide ou apêndice vermiforme, obstruindo a saída da urina, por isso denominada "Urolitíase Obstrutiva" (Silva 1997), com muita freqüência nesta espécie.
Em princípio, a formação dos cálculos não constitui em si uma doença, ocorre em ambos os sexos, porém, apenas nos machos (devido à anatomia do sistema urinário: uretra longa, estreita e sinuosa) ocorre à obstrução, constituindo assim o problema.
As maiores freqüências são em animais mantidos em confinamento, embora animais a pasto possam ser acometidos.
Os fatores etiológicos envolvidos na formação dos cálculos são complexos e multifatoriais. São descritos fatores geográficos ambientais, sazonais associados ao confinamento, ao uso de dietas concentradas e desbalanceadas, a castração, a restrição e a qualidade da água, a deficiência de vitaminas A, a fatores hormonais e doenças infecciosas do aparelho urinário( Silva 1997;Alvarenga 1996:Unanian et al 1985 ).
Fatores esses, que individuais ou combinando seus efeitos, principalmente quando em desequilíbrio, são responsáveis pelo aparecimento, desenvolvimento e recidiva do urólito.
REVISÃO DE LITERATURA
COMPOSIÇÃO QUÍMICA:
Nos caprinos a composição da maioria dos cálculos estão constituídos por fosfato amoníaco magnesiano, fosfato de cálcio ou magnésio e oxalatos (Silva & Silva).
MECANISMO ENVOLVIDO NA FORMAÇÃO:
Animais a pasto também podem ser acometidos, quando consomem plantas com alto teor de oxalatos ou sílica (Blood & Radostits 1991).
Em condições de pastagens secas, cálculos de sílica são comumente formados. Cálculos de calcita podem ser formados a parti de dieta rica em cálcio, como o trevo subterrâneo. Extremidades de beterraba pode formar cálculos de oxalados. (Fraser 1991)
FORMAÇÃO A NÍVEL DE SUPLEMENTAÇÃO:
Muito pouco se sabe das necessidades minerais dos caprinos a nível do nosso país, alem de não se conhecer a qualidade da água, do solo e das pastagens através de analises químicas. Uma relação cálcio e fósforo na dieta de dois para um e três para um, é considerada balanceada, porém o desbalanceamento entre esta relação é comum em animais confinados que recebem excesso de concentrado que também é rico em proteínas e outros elementos minerais (Ribero 1997).
O desequilíbrio nutricional, na elaboração das reações, principalmente quanto aos teores de cálcio, fósforo e magnésio, são apontados como uma das principais causas de promoção de urólito. (Silva & Silva 1987)
Rações peletizadas podem estar envolvidas com o estímulo a formação de calculo, devido a pouca salivação, aumentando a excreção de fósforo na urina (Silva 1997). No entanto, os que apresentaram estas incidências apresentavam desbalanceamento (Blood & Radotits).
Os cálculos urinários mais freqüentes e mais importantes são formados pela sedimentação de fósforo na bexiga, sendo a hiperfostatúria um dos predisponentes, que é causada por dietas ricas em grãos e podre em fibras (Garcia et al 1996).
EFEITO DO FATOR CASTRAÇÃO:
Nos animais castrados jovens, há um agravamento da situação devido o pouco desenvolvimento dos processos uretrais que são influenciadas pela testosterona produzida nos testículos (Santa Rosa 1996).
A maior susceptibilidade dos animais castrados jovens é evidente sendo que a influencia esta relacionada ao pequeno diâmetro uretral (Unainan et al 1985).
EFEITO DO FATOR ÁGUA:
A ingestão de água restrita ou perda desta pela respiração ou sudoração implica inicialmente no aumento da concentração urinária, precipitando cristais insolúveis ou supersaturando as substâncias nela contidas (Santa Rosa 1996).
A ingestão de água alcalina esta envolvida com a doença, por influenciar em meio alcalina a estabilidade dos colóides urinários (Silva 1997).
FATORES DA DEFICÊNCIA DA VITAMINA A:
As hipovitaminoses A são colocadas como precursora da formação de cálculos, por facilitar a queratinização do epitélio do sistema urinário, descamando as células que vão servir de núcleo aos sais precipitados. Trabalhos citam a produção experimental de cálculos em herbívoros com avitaminose A (Alvarenga 1985).
EFEITO DO FATOR HORMONAL:
Hormônios do crescimento (Silva 1997) e hormônios sexuais masculinos (Santa Rosa 1997) são também apontados como fatores responsáveis pela formação de urólito, sendo os dois relacionados ao desenvolvimento do pênis, da uretra e do processo uretral (Santa Rosa 1996).
DOENÇAS INFECCIOSAS:
A ocorrência de processos inflamatórios das vias urinarias favorece o aparecimento de cálculos: 1-As medidas que alteram o PH da urina 2- Formando compostos salinos insolúveis 3- Produzindo colóides estranhos à urina (pus e sangue ) 4- Precipitando alguns sais através de bactérias, proporcionando o núcleo matriz para a gênese do calculo (Alvarenga 1985).
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Embora o desequilíbrio cálcio e fósforo na ração com o aumento da concentração de fósforo seja considerada a causa mais freqüente dos cálculos em caprinos, mas não a única, pois este trabalho está demonstrando outras causas predisponentes que na rotina do trabalho de campo passa despercebida por alguns técnicos, dificultando a eliminação ou controle do problema.
Determina as causas e a composição química dos cálculos é de extrema importância para investigar os fatores que levaram a formação dos mesmos.
Apesar da urolitíase ser estudada no mundo inteiro, e há muitos anos, não se vê registros de avanços muito significativos, inclusive na definição de um controle mais efetivos com normas definidas, diminuindo assim a freqüência da doença que tantos prejuízos trazem a caprinocultura, principalmente a mantida em confinamento, com o registro de tantos óbitos de reprodutores de alta qualidade que sem duvida farão falta ao avanço genético de desenvolvimento dessa espécie.
Fonte: Dr. Joselito Araújo Barbosa - Médico veterinário